Campeão paulista, da Copa do Brasil e da Série B com o Corinthians, o goleiro Felipe defendeu a equipe do Parque São Jorge de 2007 a 2010. A saída do clube, no entanto, gerou atrito com a diretoria do Timão, especialmente com o presidente Andrés Sanchez.

Em entrevista ao Canal do Nicola, o ex-corinthiano revelou que se arrepende pelo desentendimento com o presidente diante da proposta do Genoa, da Itália. Felipe lembrou que o então técnico Mano Menezes foi contra a saída. O goleiro também assumiu ter errado mais do que Andrés na situação.

"A gente estava em pré-temporada e aí chegou a proposta, tudo certinho, a diretoria aceitou. Era empréstimo. A única pessoa que foi contra, na época, tinha sido o professor Mano Menezes. Ele chegou até a conversar, que eu poderia esperar um pouco mais. A diretoria acertou e, quando deu errado, acabou falando que apenas eu tinha forçado a saída. Então ficou uma coisa meio mal explicada, mas como falei, é mais fácil o atleta sair culpado do que a diretoria. Mas não me arrependo de nada, só da forma. Brigar com um cara como o Andrés, que é um cara sensacional, eu errei muito mais do que ele", contou Felipe.

"Acho que todo mundo deve lembrar. Foi uma briga com o Andrés. Acho que hoje, com a cabeça fria, depois de tantos anos, teve erro das duas partes. O meu lado errou muito mais que o lado do presidente, ele sempre tem que defender o clube. Acho que foi muito mais pela idade também, pela imaturidade. Eu vivi um grande momento no Corinthians, então aquele sonho de jogar na Europa... Infelizmente, quando eu fui viajar, mudou a regra na Itália, mudaram o número de estrangeiros. Eram cinco, caiu para três, e eles já não queriam mais ocupar vaga de estrangeiro com goleiro", continuou.

"Ai ficou uma situação meio insustentável com o presidente. Eu não me arrependo de ter saído do Corinthians, meu grande arrependimento é a forma que foi. Brigar numa rede nacional com o presidente, com uma pessoa que era amigo, estávamos sempre conversando. Acho que poderia ter sido diferente a saída, mas aconteceu. A gente aprende e agora é vida que segue", explicou o jogador.

Ao ser questionado sobre como ficou a relação com o presidente corinthiano, o goleiro explicou que, apesar de se reencontrarem mais tarde, a relação não voltou a ser a mesma. Atualmente no Botafogo-PB, Felipe também elogiou o goleiro Cássio ao afirmar que não sabe se conquistaria os mesmos feitos do arqueiro se tivesse ficado no Timão.

"É, não é apaziguar. A gente acabou se encontrando na CBF. A gente se encontrou várias vezes no hotel, quando o Flamengo se concentrava no Rio. E tava André Santos, Elias, Chicão... toda aquela galera que jogou todo mundo junto no Corinthians. Então acabava encontrando o Andrés. Chegamos a conversar, mas ninguém tocava mais nesse assunto. (A relação) Não era como era antes, mas chegamos a conversar sem problema nenhum", contou o ex-corinthiano.

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"Eu não sei se, se eu ficasse, eu iria ganhar tudo que o Cássio ganhou. O Cássio é um monstro, para mim, um dos maiores da história do Corinthians e um dos melhores goleiros do Brasil. Mas a vida é feita de erros e acertos. Naquele momento, acho que meu erro foi ter saído da forma que foi, de não ter saído pela porta da frente de um clube tão grande como o Corinthians", completou.

Felipe aproveitou para exaltar a torcida corinthiana. Tendo vivenciado a queda para a Série B dentro do campo, o jogador afirmou que a Fiel é diferente, principalmente em situações adversas para o time.

"A torcida do Corinthians é fenomenal, cara. Não tem discussão. Se falar que não faz a diferença, a gente vai estar mentindo. Acho que em momentos bons tem apoio, nos ruins tem cobrança, que nem todo mundo consegue aguentar a pressão. A gente viu em 2007, quando caiu, que a torcida não abandonou o clube em 2008. Tinha até a campanha. No momento que o clube mais precisou, a torcida lutou em todos os jogos no Pacaembu, mesmo sofrendo gozações, lotava os estádios, então é uma torcida que todo mundo sabe, pra ganhar do Corinthians lá dentro é difícil", afirmou.

O goleiro também elegeu uma falha com a camisa do Corinthians como a mais dolorosa da sua carreira. No erro em questão, a zaga corinthiana rebateu um escanteio e Luciano Henrique bateu de primeira marando o segundo gol do Sport na finalíssima da Copa do Brasil de 2008. A bola quicou no gramado e passou por baixo das pernas de Felipe.

"Uma (falha) que me machuca muito até hoje, que eu não acho que foi um frango, mas era defensável e eu fui muito crucificado na época, foi a final da Copa do Brasil, Corinthians e Sport. Se eu não me engano, foi o gol do Enílton (Luis Henrique, na verdade). Fui muito crucificado, praticamente o único culpado pela derrota, da perda do título. Fui afastado pelo Mano. Como é uma final, o peso é muito maior. Então me machucou muito ser afastado, tinha jogo no final de semana e tive que ficar treinando separado, então machucou bastante", completou.

Pelo Corinthians, Felipe entrou em campo em 193 oportunidades, somando 99 vitórias, 56 empates e 38 derrotas. Ao todo, foram três títulos com a camisa alvinegra: Série B (2008), Campeonato Paulista e Copa do Brasil (2009).

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