Depois de registrar déficit histórico de R$ 177 milhões em 2019, o Corinthians pode ter suas contas reprovadas. Pelo menos é isso que foi recomendado pelo Conselho Fiscal do clube após reunião no final do mês passado. A decisão foi unânime.

No documento, que o Meu Timão teve acesso, o grupo destacou a enorme diferença entre o resultado apresentado pelo clube e a previsão feita no orçamento, que era de superávit de R$ 650 mil - a distância dos números foi bem maior que o limite imposto pela lei, o que enquadra o caso como gestão temerária da atual direção alvinegra - veja trecho abaixo.

Além de recomendar a reprovação, o Conselho Fiscal cobrou explicações sobre a ausência de duas dívidas do ano passado: a envolvendo o J.Malucelli e a venda de Jucilei, que veio à tona após reportagem do Meu Timão; e a cobrança de mais de 2 milhões do ex-fisioterapeuta Julio Suman, também revelada pelo Meu Timão.

Com a soma das duas dívidas, o déficit do Corinthians de 2019, então, ultrapassaria os R$ 195 milhões - o valor pendente, aliás, será incluído em um balancete de 2020 que está sendo preparado pelo clube. O documento, então, retifica a reprovação das contas e pede revisão desses números.

"O Conselho Fiscal, por unanimidade de votos, concluiu recomendar a reprovação do balanço geral auditado porquanto elaborado sem o atendimento das normas e legislação pertinente, e, tendo em vista o déficit apurado, recomendar a não aprovação da demonstração da conta de receitas e despesas do ano de 2019, haja vista que o resultado apontado no balanço original (déficit de R$ 177,020 milhões) não obstante grave, como já relatado no parecer anterior, é ainda mais preocupante porquanto, o déficit real é ainda superior (R$ 195,476 milhões) e supera, em muito, os valores estabelecidos no orçamento aprovado para o ano de 2019", diz um trecho do documento.

A reunião, que aconteceu de forma virtual por causa da pandemia, contou com os conselheiros que fazem parte do Conselho Fiscal: Haroldo José Dantas da Silva, presidente, César Eduardo da Silva e Josué Lopes de Souza. Os auditores da RSM Auditores, Luiz Cláudio Fontes e Leunam Batista da Silva também estiveram presentes.

A falta dos números referentes as duas dívidas citadas acima, de acordo com o documento, se caracteriza como violação do estatuto e resulta em sindicância para apurar responsabilidades. Durante a reunião, os dois auditores relataram que "não receberam as devidas comunicações de parte da diretoria financeira acerca de tais apontamentos, , razão do não apontamento no balanço e que, por considerarem de extrema relevância tais informações, têm nos últimos dias mantido contato com o Sr. Roberto Gaviolli (gerente financeiro do clube), na tentativa de solucionar a pendência".

Agora, o parecer do Conselho Fiscal vai para o Conselho Deliberativo e de Orientação, que seguem sem data para a reunião de votação das contas. Um pedido para uma reunião presencial no Parque São Jorge já foi protocolado pelo clube as autoridades de São Paulo. Se a reprovação for confirmada, um processo de impeachment contra o presidente Andrés Sanchez pode ir para frente nos bastidores do clube.

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