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Novo diretor do Corinthians fala em 'dívida real' e aponta maior problema financeiro do clube
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Por Meu Timão
O novo diretor financeiro do Corinthians não separa a dívida do clube com a da Neo Química Arena
Reprodução/YouTube/Meu Timão
O novo diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, não separa a dívida do clube e da Neo Química Arena. Para ele, que deve assumir o clube em 2024 após a posse de Augusto Melo, os débitos totais do Timão estão na casa de 1,7 bilhão.
“Toda matéria que sai fala que a dívida do clube é R$ 900 milhões ou R$ 1 bilhão. Mas a dívida do clube tem mais R$ 700 milhões de Arena. Essa dívida, na realidade, é na casa de R$ 1,7 bilhão”, disse Rozallah Santoro em entrevista para o portal ge.globo.
O fato do Corinthians ser o responsável por pagar tanto as próprias dívidas, que atualmente é de R$ 892 milhões, quanto as da Neo Química Arena, que gira em torno de R$ 700 milhões, é a principal justificativa do novo diretor financeiro de contabilizá-las no mesmo balanço.
“Eles são CNPJs apartados, o clube é um CNPJ, o fundo é um CNPJ, e a Arena é propriedade desse fundo, do qual o Corinthians é cotista. Independente de eu ser cotista, se sou eu que tenho que pagar as parcelas de financiamento, não tem como eu não reportar isso para o meu Conselho totalizado. Quem é que paga? Eu não mando esse boleto para os meus rivais pagarem, ele sai do mesmo cofre”, explicou Rozallah em outro trecho da entrevista.
A contabilização da dívida não foi o único ponto de discordância de Rozallah com a atual diretoria do Corinthians, presidida por Duilio Monteiro Alves, que afirma que o clube equacionou os débitos pendentes durante a gestão dele.
Para Rozallah, porém, isso não é bem verdade, uma vez que a dívida do Corinthians com a Neo Química Arena aumentou em cerca de R$ 150 milhões durante a gestão de Duilio por causa do não pagamento no primeiro ano, em 2021, que nas renegociações foram elevadas em R$ 40 a 50 milhões, e os outros R$ 100 milhões foram de juros a serem quitados em 2023.
“Um outro ponto que sempre discordei: ‘A gestão Duilio manteve a dívida estável’; não manteve. Quando ele assumiu, a dívida da Arena era de R$ 550 milhões e veio para R$ 700 milhões. Essa dívida aumentou porque no primeiro ano (do mandato) não pagou, no segundo era carência e, no terceiro, pagou só juros. Quando a gente olha as renegociações de impostos que foram feitas, elas vieram junto com perdão de multa e juros. Isso é da casa de R$ 40 milhões, R$ 50 milhões. Para a dívida ficar constante, ela deveria cair R$ 200 milhões, por conta do efeito de multa e juros dos impostos e por conta dos juros não pagos ou provisionados da Arena”, explicou.
Maior problema financeiro do Corinthians
Rozallah Santoro apontou qual o maior problema financeiro do Corinthians: as dívidas a curto prazo. O novo diretor ainda falou que o valor a ser batido até metade de 2024 está entre R$ 350 a 400 milhões.
“O maior problema financeiro do Corinthians é a dívida que está perto de vencer, o que tenho que pagar até o meio do ano. Na casa de R$ 350 milhões, R$ 400 milhões. Essa é a dívida que faz o bloqueio de contas, que faz a gente ser banido de transferências, que impede que a gente consiga pagar em dia a compra do Fausto Vera, que gera multas. Esse é o problema que a gente tem que enfrentar”, apontou o diretor.
O Corinthians chegou a ser cobrado publicamente pelo presidente do Argentinos Juniors pelo pagamento de uma das parcelas pelo volante Fausto Vera, contratado em 2022 por cerca de R$ 40 milhões. O clube argentino acionou o Timão na Fifa e prometeu solicitar sanções severas, sendo uma delas a impossibilidade do time alvinegro de contratar novos jogadores.
Para quitar as dívidas a curto prazo, o dirigente aposta na receita dos direitos de transmissão no começo do ano. Ele ainda citou que uma antecipação de uma renda de uma futura liga no futebol brasileiro seria ainda maior, mas as negociações não estão concretizadas.
“Não tenho dúvida alguma que quando a gente fala em início de ano tem uma receita esporádica, que não virá todo mês, que é a de luvas de renovação do contrato de direitos de transmissão. Essa luva é muito menor do que seria uma antecipação de receita futura da liga. Mas, com as informações disponíveis, não tenho dúvida que essa luva da TV tem que ser utilizada para limpar uma parte relevante dessas dívidas mais curtas, preciso disso para equilibrar o caixa”, falou.
Diferente das renovações dos direitos de transmissão ou de uma antecipação de uma receita de uma nova liga no futebol brasileiro, Rozallah apontou apenas a venda de jogadores cobrando o valor à vista para a obtenção de receitas para abater dívidas a curto prazo e descartou a possibilidade de ceder parte da Neo Química Arena para esse objetivo.
“Tem receita diferente disso para buscar no mercado? Sendo bastante criativo, a única receita que eu teria para buscar no mercado seria venda de jogador recebendo à vista. Se eu pensar no curto prazo, mesmo aquela proposta de vender uma parte da Arena – e acreditando que aquele valor captado não seria usado para pagar a dívida com a Caixa – esse valor não entraria imediatamente. Ela depende de formatação de produto, do processo de registro de prazos para os interessados aderirem... Não é um negócio que aconteceria em um mês”, falou.
Rozallah Santoro é formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo e possui pós-graduação em Mercado Financeiro. É conselheiro do Corinthians no atual triênio e será o diretor financeiro de Augusto Melo nos próximos três anos.
