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Ganância dos jogadores da base também acelera a depredação do Corinthians
Juliano Barreto

Jornalista, biógrafo, maloqueiro e sofredor. Entrar no Pacaembu para assistir Corinthians x Novorizontino no Paulista de 93 mudou sua vida para sempre.

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Ganância dos jogadores da base também acelera a depredação do Corinthians

Coluna do Juliano Barreto

Opinião de Juliano Barreto

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Ganância dos jogadores da base também acelera a depredação do Corinthians

Cassini largou o Corinthians por dinheiro e hoje joga no equivalente à terceira divisão dos EUA

Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Acredito que na atual conjuntura não seja necessário se aprofundar na longa lista de erros das últimas administrações do Corinthians. Qualquer torcedor sabe o nome e o sobrenome das ratazanas que alcançaram a proeza de elevar dívidas do clube a patamares insustentáveis ao mesmo tempo que montavam times incapazes de sequer competir em campo.

Seria cômico se não fosse trágico, gastar o preço de um Dream Team para colocar em campo o Tabajara F.C.

Dentro desse festival de incompetência e relacionamentos obscuros com “agentes” de jogadores, dá para culpar um jogador jovem que aceita a primeira proposta para sair do Corinthians?

Conheço muita gente que se apressa em responder que não. Dizem eles que um jovem que vem de condição financeira precária não pode perder as oportunidades de “conquistar a independência financeira da família”, “disputar campeonatos nas melhores ligas do mundo” e “aumentar as chances de jogar na seleção”. O pessoal ainda arremata com os argumentos de que a carreira de jogador de futebol é curta, que ninguém sabe se o jovem vai ser craque mesmo, e que num jogo qualquer o cara pode arrebentar o joelho e nunca mais gerar qualquer lucro para o clube.

Eu discordo de tudo isso.

Acho que a ganância dos jogadores é o principal problema. Um cara que larga o Corinthians após 20 e poucos jogos não está pensando em nada que não seja dinheiro.

A família pobre do jovem se virou durante 16, 18, 20 anos à duras penas, do mesmo jeito que a maioria das famílias brasileiras se vira. Ao se tornar profissional, o jovem passa a ganhar centenas de milhares de reais por mês. Em 30 dias o moleque ganha mais dinheiro que médicos, executivos e doutores em diversas áreas ganham em um ano. Acho que o Moscardo ganhando R$ 345 mil por mês, por exemplo, conseguiria proporcionar uma vida legal para seus parentes enquanto fosse ganhando rodagem em campo e amadurecendo fora dele.

A ideia de disputar campeonatos nas melhores ligas do mundo também é furada. O moleque “verde” que embarca em um time pequeno (tipo Nottingham Forest) ou em um time grande porém instável (como o PSG) tem mais chances de desaparecer ou ser “fritado” logo de cara. Depois disso, precocemente, esses mesmos deslumbrados vão conhecer a realidade dura que é tentar salvar a carreira na Grécia, no Chipre, na Áustria, na Ucrânia ou em algum “time B” da vida. Pior ainda, vão se ver praticamente obrigados a voltar para o Brasil com o rabo entre as pernas, como fracassados. Matheus Pereira, Guilherme Pereira, Pedrinho, Matheus Cassini, João Victor podem ser usados como exemplos de uma lista enorme de saídas apressadas que foram "tiros no pé", prejudicando tanto o Corinthians quanto os próprios atletas.

A mesma lógica se aplica para refutar o papo furado de aumentar as chances de jogar na Seleção. Nem vou entrar no mérito de que jogar na Seleção Brasileira hoje em dia não significa a mesma coisa que significava a meros 10 anos atrás. O lance é que o jogador jovem que se enfia na Rússia, como Robert Renan, tem mais chance de ser esquecido do que de ser lembrado e assim se repetie o ciclo que descrevi no parágrafo anterior.

É óbvio que jogar Paulistão não é melhor do que jogar Champions League, mas o jogador jovem após uma ou duas temporadas completas no Brasil definitivamente teria mais chances de chegar pronto para jogar em alto nível na Europa. Experiência num gigante como o Corinthians não ajuda apenas na questão técnica, mas também no entendimento tático, na parte psicológica e obviamente no desenvolvimento físico.

Além de demonstrar gratidão, essa coisa que anda tão fora de moda, o jogador que pensa 5 minutos com seu próprio cérebro e recusa a primeira oferta que chega, pode ter a chance de não desperdiçar a carreira inteira logo nos primeiros anos como profissional. Para mim não passa de covardia o cara colocar toda a culpa na desorganização do clube, na pressão dos “agentes”, ou dizer que a família é quem decide tudo.

Seria mais honesto dizer simplesmente: "estou desesperado por dinheiro e nada mais importa."

Veja mais em: Gabriel Moscardo e Murillo.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Jornalista, biógrafo, maloqueiro e sofredor. Entrar no Pacaembu para assistir Corinthians x Novorizontino no Paulista de 93 mudou sua vida para sempre.

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