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O que Sócrates, o basquete corinthiano e a Copa do Mundo da Rússia têm a ver?
Lucas Faraldo

Editor e apresentador no canal do Meu Timão no YouTube

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O que Sócrates, o basquete corinthiano e a Copa do Mundo da Rússia têm a ver?

Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Opinião de Lucas Faraldo

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O que Sócrates, o basquete corinthiano e a Copa do Mundo da Rússia têm a ver?

Gustavo vestiu camisa especial em comemoração do título corinthiano no basquete

Foto: Reprodução/Instagram

Um pequeno grande gesto de Gustavinho chamou atenção na última sexta-feira, no ginásio do Parque São Jorge, durante comemoração da equipe masculina de basquete do Corinthians, campeã da Liga Ouro. Responsável por erguer o troféu, o armador vestiu camiseta com os dizeres: "Quem matou Marielle?"

Gustavinho, assim, protestou contra a falta de respostas por trás do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco. A morte completava exatos cem dias naquela noite de festa corinthiana. Cem dias e nada de concreto sobre o autor ou o mandante do crime que calou uma mulher negra defensora das minorias.

Na mesma sexta-feira, os suíços Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri comemoraram os gols da vitória de sua seleção na Copa do Mundo com protestos contra a Sérvia, adversária daquela partida. Ambos são descendentes da Albânia e fizeram sinal em alusão a Kosovo, país de população majoritariamente albanesa e cuja independência não é reconhecida pelos sérvios.

Suíços fizeram alusão à bandeira da Albânia em jogo da Copa

Suíços fizeram alusão à bandeira da Albânia em jogo da Copa

Vários torcedores do Corinthians reclamaram da atitude de Gustavinho, inclusive na seção de comentários aqui do Meu Timão. Aposto que muitos devem ser os mesmos que veem a Copa ou qualquer outro evento esportivo como "pão e circo". Ora, mas querem melhor ingrediente do que protestos para um evento deixar de ser mera e suposta alienação política?

Lá na Rússia, quem não gostou nem um pouco dos gestos de Xhaka e Shaqiri foi a Fifa, que abriu processos disciplinares contra os jogadores suíços. A entidade (suíça, por sinal) proíbe manifestações políticas em suas competições. Nada de surpreendente se tratando de uma instituição falida eticamente e investigada até pelo FBI por crimes dos mais variados...

Não aceitar protestos pacíficos contraria os princípios da democracia. Ainda mais quando se trata da luta por direitos humanos e/ou de minorias. Torcedores do Corinthians inclusive deveriam saber disso melhor do que ninguém: Sócrates e a Democracia Corinthiana estão na história para provar a força sócio-política existente por trás do esporte.

Sócrates também protestava durante a Democracia Corinthians

Sócrates também protestava durante a Democracia Corinthiana

Divulgação

Basquete, futebol e qualquer outra modalidade têm atenção da mídia; seus protagonistas, poder de representatividade entre torcedores e cidadãos. São assim espaços e agentes de diálogo e discussão. Por meio do esporte, é possível dar voz àqueles que geralmente não têm. É possível mudar o mundo para melhor.

Esporte e protestos sócio-políticos não podem se dissociar jamais. Por mais Gustavinhos, Xhakas e Shaqiris!

Veja mais em: Ídolos do Corinthians, História do Corinthians, Basquete e Ex-jogadores do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Por Lucas Faraldo Knopf

Jornalista pela ECA-USP e ex-Esporte Interativo, Jovem Pan e Lance!. Hoje trabalha no Meu Timão. Autor do livro 'Impedimento - Machismo, racismo, homofobia e elitização como opressões no futebol'.

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