Análise: Corinthians supera Flamengo na raça e se classifica à final da Copa do Brasil
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Por João Pedro Izzo
Depois de empatar com o Internacional por 1 a 1, o Corinthians virou a chave para a disputa da volta das semifinais da Copa do Brasil diante do Flamengo e saiu com a vitória de 2 a 1, garantindo a vaga na final do torneio. O Meu Timão explica para o torcedor os motivos da vitória corinthiana.
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Sem poder utilizar Roger na Copa do Brasil, Jair Ventura confirmou a mesma escalação que enfrentou o Internacional, mas com a volta de Ralf no lugar de Gabriel. O Timão foi formado por: Cássio; Fagner, Léo Santos, Henrique e Danilo Avelar; Ralf e Douglas; Romero, Jadson, Mateus Vital e Clayson. Inicialmente desenhado em um 4-2-4, o Corinthians confirmou um 4-1-4-1 em campo, com Douglas e Mateus Vital meias interiores, Romero e Clayson nas pontas e Jadson mais isolado à frente.
Primeiro tempo
Apoiado pela presença em massa da Fiel, o Corinthians começou o jogo ligado, pilhado pela Arena lotada. Apesar de o início parecer uma pequena pressão corinthiana, o fato não foi confirmado. Aos poucos, o duelo foi ficando morno e as equipes se estudando. Percebendo o cenário, Jadson recuou para participar mais da construção de jogo, o que foi fatal.
Com espaço para pensar, o camisa 10 observou os espaços nas costas dos laterais adversários, que não possuíam muito apoio dos pontas para lhes cobrirem. Foi desta maneira que Jadson encontrou Danilo Avelar na área, que abriu o placar para o Timão. Cabe destacar a participação de Clayson que, sem a bola, chamou a atenção da marcação e fez com que o sistema defensivo do Flamengo "batesse cabeça".
Contudo, em lance isolado, Pará cruzou pela direita e foi a vez de Henrique se atrapalhar e marcar gol contra. Experiente e líder do sistema de defesa do Corinthians após a saída de Balbuena, o zagueiro acabou cometendo erro em momento que a equipe de Jair Ventura estava melhor no embate. Além disso, o time alvinegro não fechou bem os espaços pelo lado que originou o gol do rival.
Logo em seguida, Fagner, costumeiramente válvula de escape pela direita, sentiu e deu lugar a Gabriel logo na metade da primeira etapa. A substituição forçada mexeu com os ânimos da equipe. O improvisado volante não possui ultrapassagens como o seu forte e apresenta defeitos na saída de bola pelo lado.
Mais agudo ofensivamente, o Flamengo se postava bem na defesa e dificultava o trabalho de criação. Mateus Vital era o principal argumento de transição ofensiva por parte do Corinthians pela esquerda, mas Douglas e Romero, pela direita, ofereciam pouco perigo até aquele momento. Com rápidos contragolpes, o rival carioca já rompia as linhas alvinegras e chegava com mais frequência no último terço.
Encaixotado na defesa, o Timão demonstrava os costumeiros erros na saída de bola. Mateus Vital e Jadson, principais homens na criação, sumiram em campo; sem a presença de Fagner, Romero praticamente não pegava na bola, o que fazia com que o atacante não servisse de opção em profundidade e tampouco centralizasse para receber bolas, como ocorreu na segunda etapa do último jogo. E foi assim que terminou o primeiro tempo.
Segundo tempo
Sem alterações nos dois times, a formação tática também continuava a mesma da primeira etapa por parte do Corinthians. Os problemas dos primeiros 45 minutos também continuavam. Desta forma, Romero ainda cercava o lado direito, mas não produzia ofensivamente. Além disso, os conhecidos erros de passe impediam continuidade de jogadas.
Com quase metade da etapa final, erros contínuos de passes e o Flamengo chegando por duas vezes em rápidas transições, com chutes de Lucas Paquetá e Vitinho. Vendo a melhora do rival e sua equipe nula ofensivamente, Jair Ventura promoveu a segunda mudança: Pedrinho entrou no lugar de Clayson e Romero passou ao lado esquerdo.
Logo no primeiro minuto da substituição, Romero, que continuava mal no jogo, fez bela jogada no flanco esquerdo, tocou em Jadson, que deixou passar para Pedrinho. Em chute rasteiro de fora da área, o garoto acertou em cheio o canto esquerdo de Diego Alves. Pontos imediatos para Jair Ventura, o qual brilhou com o acerto em trocar os pontas de lado para variar taticamente a maneira que o Corinthians atacava.
Com o gol marcado, o time entrou em sintonia com a torcida, passando a errar menos, controlar mais a posse e fechar melhor os espaços. Mateus Vital, mesmo voluntarioso e tentando utilizar dos dribles, sentiu cansaço e deu lugar a Araos naquela que seria a última mudança do Corinthians.
O Flamengo, por sua vez, chegou a ter dois centroavantes em campo, diminuindo o poder de criação, necessidade àquela altura, e não usava dos artifícios de cruzamentos. Restava ao Timão se fechar e aguardar a pressão do time carioca. Sem vergonha de recuar, defendendo com todos os homens atrás da linha da bola, sofrendo como toda a Fiel.
Os mais de 44 mil presentes na Arena Corinthians presenciavam a entrega e luta de um time que sabe reconhecer suas limitações e não esconde isso. O próprio treinador entende que não é o time dos sonhos, que o elenco possui deficiências e o sistema de jogo ainda não está encaixado, porém, está se adequando com o que possui em mãos.
Defendendo como possível, o Timão ainda viu Pará pegar bola de primeira de maneira improvável, acertando a trave direita de Cássio. Para alívio de todos os presentes, não havia como esconder o nervosismo na iminente vaga na final da Copa do Brasil. Contudo, não havia mais tempo: o Corinthians estava classificado à final da competição!
Méritos para Jair Ventura, que soube estruturar o time mesmo com pouquíssimo tempo no cargo. A equipe, sem dúvidas, apresenta melhoras gradativas conforme o andamento das partidas. O Timão ainda terá mais duas semanas para fazer ajustes e adequar corretamente qual tipo de estratégia adotar nos dois duelos decisivos da final, contra o Cruzeiro.
Com mais organização, compactação das linhas e solidez defensiva, pode-se dizer que são os pilares deste início de trabalho em um período tão complicado que vive o clube do Parque São Jorge. Os jogadores também possuem seus méritos por entenderem a metodologia do novo treinador.
Que há debilidades no sistema de ataque, o fato é consumado. Entretanto, o espírito de garra e vibração merecem destaque, sobretudo em uma competição mata-mata, tão específica no calendário dos clubes. O Corinthians chega, sim, com chances de ser tetracampeão da Copa do Brasil.