Depois de quebrar recordes e conquistar dois títulos em três torneios disputados, a temporada do time feminino do Corinthians chegou ao fim. Apesar de tanto sucesso nos últimos anos, 2020 passa a ser uma incógnita para a modalidade do clube alvinegro. Isso porque os contratos de jogadoras e comissão técnica se encerram já em dezembro.

Em entrevista exclusiva ao Meu Timão, o técnico Arthur Elias admitiu que a diretoria já o procurou para conversar sobre a possibilidade de renovação. O comandante ainda confirmou que já definiu todo planejamento para a próxima temporada, independente se irá permanecer ou não no Corinthians.

"Eu estou iniciando as conversas para renovar ou não, ainda não definimos, mas independente disso, sempre deixo o planejamento pronto para o próximo ano. Com tudo que acredito que seja o ideal para o time, que seria continuar a base do grupo e trazer alguns reforços pontuais, e melhor ainda mais a estrutura de trabalho, para o Corinthians seguir como protagonista", revelou.

Logo em seguida, o treinador indicou quais são as posições que precisam ser reforçadas para o Timão em 2020.

"Uma em cada setor do campo, pensando em defesa, meio e ataque, acho que dá para trazer, pensando que o elenco é pequeno, trabalhamos com esse planejamento de elenco pequeno. Mas de qualidade, para rodar bem, mas ter confiança em todo mundo, isso é diferencial. Naturalmente podemos ter perdas pelo meio do caminho, e o clube precisar repor a altura, dentro de um perfil que eu e minha comissão já passamos, com nomes que entendemos que tem o perfil para vestir a camisa do Corinthians com um pouco mais de facilidade e de adaptação ao trabalho que está sendo feito", pontuou.

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Sobre a final do Paulistão, conquistada em cima do São Paulo no último domingo, com mais de 28 mil torcedores na Arena Corinthians, Arthur Elias acredita que foi um "marco" para o futebol feminino no Brasil. Em seguida, apontou as diferenças de preparação para jogos no estádio de Itaquera e no Parque São Jorge - local onde as alvinegras costumam realizar suas partidas.

"Foi um marco! Mostramos que o futebol feminino pode mais, tem muito a crescer. Tivemos uma atmosfera incrível, público muito bom, respeitoso, que levou mensagens positivas. O futebol jogado foi bom, fizemos uma boa partida, futebol bonito, eficiente. Acho que foi um dia para as pessoas olharem e verem a força do futebol feminino, a qualidade, o ambiente que podemos construir", disse.

"Dessa vez todas gostaram da ideia de jogar lá. Jogamos muitos jogos aqui na Fazendinha, é nossa casa. Lá foi um presente pela temporada, treinamos uma vez, pedi para molhar para sentir. Na Fazendinha a gente sempre pede para molhar, a bola corre um pouquinho mais quando quica na Arena, essa foi a diferença, mas elas se adaptaram muito bem, só tivemos pontos positivos de jogar lá. Mas viabilizar isso, financeiramente, para o feminino, que é carente de receitar, é difícil, vai dar em momentos especias. Somos muito bem identificados aqui na Fazendinha", acrescentou.

Bruno Teixeira/Ag. Corinthians

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Apesar de todo carinho pelo Estádio Alfredo Schurig, na Fazendinha, o técnico do Timão não escondeu a felicidade de comandar sua equipe em plena Arena Corinthians. Até por isso, ele projetou que as corinthianas podem jogar novamente na Zona Leste da capital paulista em 2020.

"Acredito que vamos ter a oportunidade de jogar de novo na Arena. Não sei quantos jogos, quais, mas entendo que tem que ser muito bem planejado. Por exemplo, nessa final não cobramos ingresso, o que faz com que o clube tenha que bancar toda a despesa, e a Arena não é barata, é caro jogar aqui. Se der para cobrar alguns ingressos, preço acessível, pode dar para jogar mais com um custo bancado pelos ingressos, mas não sei como vai ser, só vejo que temos que aproveitar nosso momentos, seja na Fazendinha, Arena ou fora, estamos defendendo o Corinthians e temos que mostrar um bom futebol", expôs.

A preparação para enfrentar a altitude de 2.850 metro em Quito, no Equador, durante a disputa da Copa Libertadores também foi assunto da conversa com o treinador. Arthur Elias dividiu méritos com todo departamento do time feminino do clube e também contou os "segredos" para um intensidade tão alta nos jogos. Claro que ele também enalteceu o comprometimento de suas atletas com questões físicas.

"Em relação a intensidade os pontos importante são a boa recuperação, para isso temos alguns protocolos, alimentação, profissionais, fisioterapia, fisiologia, todos dedicados a recuperar as jogadoras, e o comprometimento delas. É importante também o controle de carga, para que a equipe chegue nos jogos conseguindo trabalhar bem os 90 minutos, em alta intensidade, isso é importante pela nossa maneira de jogar, ser protagonista, ter a bola, criar oportunidades, e para isso elas têm que estar o mais inteiras possível. As vezes não e fácil, calendário apertado, pouco tempo de descanso, como voltar da Libertadores, ter dois dias de descanso e entrar em uma final contra um adversário forte às 11h... É difícil, a gente sofreu, mas elas foram muito guerreiras, dedicadas e eficiente. Depois, com mais tempo de trabalho, conseguimos fazer uma partida excepcional, vencer e trazer o título", analisou.

Bruno Teixeira/Ag. Corinthians

Confira mais trechos da entrevista com o técnico Arthur Elias

Temporada brilhante em 2019

"A temporada foi incrível, fantástica. Chegamos em três finais, ganhamos dois títulos, uma Libertadores e um Paulista, que o clube não tinha, com uma ótima campanha. E o título Brasileiro, bom, tivemos a melhor campanha, se fosse pontos corridos teríamos ganho com uma larga vantagem, entendo que ainda precise de mata-mata para atrair público e imprensa, mas a gente teve o melhor desempenho na competição, inclusive nas duas finais, no meu ponto de vista, merecíamos o título, mas o futebol é isso, se a bola não entra, você não vence, e o jogo foi para os pênaltis, o único jogo do ano que não fizemos gol. Mas o desempenho foi muito satisfatório, duas grandes equipes, estou muito satisfeito. Claro que queríamos vencer, mas nem sempre dá para ter tudo, a temporada foi especial".

Títulos nos próximos anos

"Para manter o foco, é ter trabalho diário, construção de um dia a dia, de um trabalho, de jogo. Eu não vejo como difícil de colocar na equipe, difícil é ter tudo isso e ter resultados e desempenhos bons como nesse ano. Mas sou otimista, acredito que com nosso trabalho dá para fazer até ainda mais, mas é uma construção ao longo do ano".

Ótimo desempenho no feminino deixou a Fiel mais "satisfeita" após um ano ruim para o masculino?

"Eu não vejo essa comparação, vejo um só Corinthians, seja feminino, masculino, vôlei, futsal, basquete, bocha, o que o time estiver jogando, o torcedor vai apoiar, querer vencer, e entendo que os profissionais do clube dão seu melhor, mas nem sempre é possível vencer, desempenhar um ano fantástico. Nós tivemos porque soubemos aproveitar bem as oportunidades que tivemos, mas não vejo essa comparação, fiquei muito feliz de termos conquistado o torcedor, ter mais gente acompanhado o feminino, e espero que agente possa conquistar ainda mais, vejo na torcida que ainda temos muito espaço para crescer, ter uma olhar mais apaixonado ainda".

Ascensão do futebol feminino

"A temporada mostrou o futebol feminino crescendo mundialmente, mais de 1 bilhão de pessoas assistindo, nível técnico e tático da Copa foi muito interessante, e aqui acompanhamos isso e tivemos o prazer de ser uma das equipes que acompanhou isso, conquistou torcida, visibilidade, futebol bonito, eficiente, conseguimos estar a frente no país. Mérito do trabalho de todos e do apoio que o clube tem nos dado para seguir".

E o nível técnico do futebol feminino? Evoluiu?

"A gente não se acha muito superior a ninguém, até porque só nós sabemos o quanto difícil foi conquistar cada vitória e fazer essa temporada, trabalhar, se dedicar, e entendemos que teve uma sequência de trabalho que favoreceu. Outros clubes estão investindo mais e tendo mais sequência a partir de agora, tendo ótimos elencos. Não tem nada de nos acharmos melhor e na frente. O futebol te levanta fácil, mas te derruba mais fácil ainda. Para levantar é difícil, mas para cair é fácil. Entendo que temos que seguir trabalhando dessa maneira para aumentar nossa chance de vencer, e a avaliação fica por conta de torcedor, imprensa".

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