Diretoria do Corinthians não apresenta ao Cori contas de 2024
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Por Victor Godoy e Rodrigo Vessoni
A diretoria do Corinthians deveria ter apresentado as contas para o Cori apresentar um parecer na última segunda-feira
Rodrigo Corsi / Ag. Paulistão
Como parte dos ritos do Corinthians, o Conselho de Orientação (Cori) se reuniu na última segunda-feira para deliberar sobre as contas de 2024 e emitir um parecer para o Conselho Deliberativo votar no dia 28 de abril. A reunião, porém, foi frustrada, pois a gestão presidida por Augusto Melo não apresentou o balanço.
O Meu Timão teve acesso ao parecer do Cori após o encontro sem fim: “Comunicamos que o CORI – Conselho de Orientação se reuniu hoje dia 14/04/2025 às 19:00h conforme agendado desde 10/03/2025, para exame das Demonstrações Financeiras, porém, infelizmente estas não nos foram entregues, tendo em vista a existência de dúvidas por parte da Diretoria sobre contabilizações e que possivelmente ficarão prontas em 17/04/2025 desta forma, esse Conselho se reunirá para deliberação após seu recebimento.”
Augusto Melo e o diretor financeiro Pedro Silveira compareceram à reunião, segundo informou a Central do Timão. O responsável pelas finanças explicou que o balanço de 2024 ainda não está ao nível de apresentação, uma vez que faltam "ajustes não conciliados" no documento. A assessoria do mandatário explicou que não iria se pronunciar sobre o caso por se tratar de uma reunião sigilosa.
Os "ajustes não conciliados" se tratam do suposto rombo entre R$ 150 e R$ 200 milhões no balanço de 2023, o último da gestão Duilio Monteiro Alves, que o Corinthians está estudando - relembre o caso abaixo. Esse montante é referente a dívidas tributárias que ainda estariam em discussão na Justiça, mas que o clube teria entendimento de que há bastante chance de derrota.
Vale lembrar que as contas do Corinthians já deveriam estar em posse do Cori. Em meados de abril, porém, apenas um rascunho foi apresentado. Agora, os conselheiros voltam a se reunir nesta quinta-feira para deliberar e emitir um parecer ao Conselho Deliberativo se deveriam aprovar ou rejeitar o balanço.
O CD vai se reunir no dia 28, uma segunda-feira, para aprovar ou rejeitar as contas de Augusto Melo. A data é dois dias antes da data-limite pelo Código Civil e pela Lei Geral do Esporte para que agremiações publiquem suas demonstrações contábeis.
Se não pulicar, a lei prevê uma série de sanções. Pelo Código Civil, o Corinthians pode ficar sujeito à exclusão do Profut, programa do governo para parcelamento de impostos atrasados. Esse possível corte impossibilitaria ao clube obter a Certidão Nacional de Débitos, documento para acertar empréstimos com bancos, além de receber incentivos ou negociar patrocínios com empresas estatais.
Já a Lei Geral do Esporte pode punir Augusto Melo e sua diretoria. A gestão pode vir a ser afastada e declarada inelegível por dez anos para qualquer função em entidades esportivas. A legislação também pode definir a nulidade de todos os atos feitos pelos dirigentes em nome da instituição.
Relembre a situação envolvendo a atual gestão e o balanço financeiro de 2023
O balanço financeiro de 2023 é o último da gestão Duilio Monteiro Alves. Na foto: Wesley Melo, ex-diretor financeiro (esq.) e Duilio (dir.)
Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Anualmente, o Corinthians realiza, junto dos seus advogados, um balanço dos processos que enfrenta em três níveis de risco de perda: remota, possível ou provável. Os casos mais graves necessitam ser contabilizados no balanço como "provisão de contingência", uma reserva para caso perca nos tribunais.
A gestão de Augusto Melo entende que os R$ 150 a R$ 200 milhões deveriam ter aparecido no balanço de 2023, que contabilizou R$ 10,6 milhões de "provisão de contingência", valor menor que os R$ 25,4 milhões contabilizados em 2022.
O balanço financeiro de 2023 foi auditado pela RSM, empresa multinacional que teve seus serviços cancelados pelo Corinthians com Augusto Melo. O documento também foi revisado pelos Conselhos Fiscal e de Orientação, além de ser aprovado com ressalvas pelo Conselho Deliberativo. As contas, vale lembrar, fecharam com superávit de R$ 1,2 milhão.
Enquanto corre para apurar o caso, o Corinthians também contratou a consultoria de Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do Brasil, para emitir um parecer.
Na última semana, Wesley Melo, ex-diretor financeiro de Duilio, emitiu nota se defendendo e acusando Augusto Melo de tentar colocá-lo "numa armadilha". O ex-dirigente - e oposicionistas - acredita que a atual gestão busca um culpado externo para justificar o iminente aumento da dívida do Corinthians em pelo menos R$ 400 milhões.
