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A amnésia seletiva de Alessandro
Juliano Barreto

Jornalista, biógrafo, maloqueiro e sofredor. Entrar no Pacaembu para assistir Corinthians x Novorizontino no Paulista de 93 mudou sua vida para sempre.

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A amnésia seletiva de Alessandro

Coluna do Juliano Barreto

Opinião de Juliano Barreto

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A amnésia seletiva de Alessandro

Alessandro Mori em exclusiva para o Meu Timão

Foto: Larissa Lima/Meu Timão

Após a melancólica noite de despedida do Corinthians da Copa Libertadores de 2023, o gerente de futebol Alessandro Nunes tentou justificar o injustificável. Disse que o Corinthians precisa vender jogadores porque tem uma dívida na casa dos R$900 milhões para ser paga.

Na verdade, tentou explicar o motivo de o clube se desfazer de atletas da base por qualquer valor e para qualquer time. A primeira proposta indecente que chegar vai ser aceita para salvar o clube.

Alessandro ainda conseguiu piorar sua desculpa esfarrapada dizendo que as contas a pagar são contas “que o clube acumulou ao longo dos anos”. “Não estamos com problema só nesta temporada, mas ao longo de muitos anos”, disse.

Está aí o sintoma mais claro da amnésia seletiva do ex-jogador: ele lembra que o problema vem de longe, mas esquece-se que ele faz parte da diretoria que quebrou o clube esportivamente, financeiramente e até moralmente.

Depois que parou de jogar bola, o ex-lateral foi coordenador técnico do Timão entre 2014 e 2018. Ninguém nunca soube direito como esse cargo funcionava e qual era a sua importância, mas é inegável que Alessandro teve visibilidade e proximidade com o grupo que comandou o Corinthians na época. Viu de perto os títulos nacionais de 2015 e 2017, mas também presenciou episódios lamentáveis como o desmanche do elenco campeão em 2016 e as centenas de contratações bizarras de atletas e de técnicos com baixo rendimento e alto custo --sendo que a maioria deles sempre é ligada a um mesmo grupo de empresários.

Você pode pensar: “Bom, quem manda no Corinthians é o presidente, que grau de influência um simples coordenador técnico teria?” Bem, essa pergunta deixou de ser relevante quando Alessandro voltou ao Parque São Jorge em dezembro de 2020 para assumir o cargo de gerente de futebol.

Por mais que ele tente fingir que não tem nada a ver com a falência do Corinthians, ninguém pode esquecer que os problemas mais sérios que estão explodindo agora são culpa da omissão e falta de critério do próprio Alessandro. O gerente de futebol, além de ser envolvido em contrações, é também quem define empréstimos, dispensas e serve como representante da diretoria no dia a dia do elenco.

As dívidas com Boselli, Ramiro, Júnior Moraes, Michel Macedo e tantos outros “craques” que mais atrapalharam do que ajudaram o Corinthians em campo, começam e terminam com as assinaturas de Alessandro e Duílio. Por mais que o Andrés fosse o presidente, a dupla parece jamais ter se sentido incomodada com os contratos longos, as comissões gordas e o baixo rendimento dos atletas que eles contratavam. Os números do Romero antes de retornar ao Corinthians são patéticos, porque mesmo assim contrataram o paraguaio de novo?

Se o time vai mal, a culpa é do técnico. Se o jogador não rende, arrumam um empréstimo para qualquer time, com todas as despesas pagas pelo Corinthians. O “craque” está sem cabeça para jogar bola? Continuam pagando 800 mil por mês para ele numa boa por anos sem nunca resolver. Por essas e outras, a folha salarial do Corinthians cresceu ao ponto de ser comparável com os times que ganham títulos continentais. A diferença é que enquanto o Flamengo tinha De Arrascaeta e Pedro, o Corinthians tinha Régis e Jonathan Cafu.

É culpa do mercado? É culpa da pandemia? É culpa do técnico? É culpa do torcedor? É muito óbvio que não. Que a culpa da dívida gigante está na incompetência de quem deveria gerenciar o elenco do futebol profissional. Vender jogadores da base a preço de banana não resolveu o problema no passado, porque resolveria agora? Aliás, a atual diretoria conseguiu a proeza de vender o Pedrinho para o Benfica e ainda assim dar um calote no empresário do atleta.

O torcedor com certeza lembra quem era o gerente de futebol 3 anos atrás.
Será que o Alessandro lembra?

Veja mais em: Alessandro, Jonathan Cafu, Romero, , e .

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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