Nesta quinta-feira, o atacante Jô e o Corinthians colocaram ponto final em uma história de quase 25 anos. Ele deixou o Timão em comum acordo com o clube, após tornar-se público um vídeo do atacante em uma roda de samba durante a derrota do Corinthians para o Cuiabá e sua ausência no treinamento da equipe na última quarta-feira.

A trajetória do centroavante no Timão, porém, não é construída apenas pelas polêmicas. As três passagens do jogador pelo Corinthians ainda incluem títulos, marcas históricas, gols marcantes e recordes. O Meu Timão traçou uma linha do tempo das passagens de Jô pelo Parque São Jorge. Confira abaixo!

A base!

1997/1998: os primeiros passos...

Divulgação/Corinthians

Jô deu seus primeiros passos no Corinthians ainda nas quadras de futsal do Parque São Jorge, entre dez e 11 anos de idade. Na modalidade, ele sempre foi um dos destaques da equipe, em geração que também contava com Willian, que hoje veste a camisa 10 do elenco profissional alvinegro.

O hoje centroavante só foi realocado ao futebol de campo entre 2001 e 2002, e o destaque não foi diferente. Seguiu sendo peça-chave do Corinthians nos torneios infantis e juvenis.

Primeira passagem

2003: Os primeiros recordes!

A boa trajetória construída nas categorias de base, é claro, criou forte expectativa da torcida do Corinthians, que cobrava por chances ao garoto no time profissional. Os pedidos ganharam força por um suposto interesse do gigante inglês Manchester United na contratação de Jô.

E assim, o atacante foi chamado pelo técnico Geninho para entrar no jogo entre Corinthians e Guarani, pelo Campeonato Brasileiro de 2003. Nesta partida, Jô se tornou o jogador mais jovem a vestir a camisa do Corinthians em um jogo oficial, aos 16 anos, três meses e 29 dias, marca esta que perdura até hoje.

E 25 dias depois de seu debute, outra marca histórica. O gol marcado por Jô na vitória por 3 a 1, contra o Internacional, o tornou o jogador mais jovem do Corinthians a marcar um gol profissionalmente.

2004: Um "bate-volta" na base e ascensão no profissional

Jô iniciou o ano de 2004 integrado à equipe de juniores do Corinthians, que disputou a Copa São Paulo no mês de janeiro. Ele era uma das grandes esperanças de um elenco que também contava com outros nomes hoje conhecidos, como o goleiro Julio César, o volante Rosinei e o atacante Bobô.

O torneio foi conquistado pelo Corinthians em final contra o São Paulo. Jô levou o prêmio de melhor jogador da competição e voltou ao time profissional ainda mais prestigiado para a disputa do Campeonato Paulista do mesmo ano. Sob o comando de Tite, Jô cresceu em importância dentro do elenco e passou a receber mais espaço junto aos profissionais.

Assim, o atacante de então 17 anos finalizou a temporada de 2004 com 53 jogos disputados e dez gols marcados. Tão significativo é o número que Jô foi o artilheiro do Corinthians naquele ano, seguido dos laterais Rogério e Coelho, com oito e seis gols cada, respectivamente.

2005: De promessa à realidade

Jô iniciou o ano de 2005 já como uma "realidade" dentro do Corinthians, após um 2004 de se tirar um chapéu pelos bons números que acumulou. No Campeonato Brasileiro daquele ano, que foi conquistado pelo Corinthians, ele alternou entre as posições de centroavante e ponta.

O protagonismo não era tanto pelos altos investimentos em contratações feitos pelo Corinthians naquele ano. Jô chegou a firmar boa sequência na equipe capitaneada por Carlitos Tévez, mas a viu ser interrompida por uma fratura no tornozelo, que o tirou de combate por certo período.

Em seu terceiro ano como profissional, Jô foi vendido ao futebol europeu em agosto de 2005. O destino foi o CSKA, da Rússia, que desembolsou 5 milhões de dólares pela aquisição do atacante (R$12 milhões, na época).

Segunda passagem

2017: A consagração histórica

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Após 12 anos e passagens por Rússia, Inglaterra, Turquia, Emirados Árabes e China, Jô reencontrou o Corinthians para uma segunda passagem. Apesar de bons momentos no período, sobretudo no Atlético-MG, onde foi protagonista no título da Libertadores, Jô vivia momento de pouco brilho dentro dos campos, visto um final de passagem melancólico no clube mineiro, onde muito se contestou o comportamento extracampo do jogador.

Sem poder atuar, por questões burocráticas, Jô utilizou o final de 2016 para entrar em forma visando o ano seguinte. Sob o comando do técnico Fábio Carille, ele iniciou o ano de 2017 alternando a titularidade com o turco Colin Kazim.

Uma injeção de confiança, tanto em Jô como no elenco do Corinthians, veio no dia 22 de fevereiro daquele ano. Em clássico contra o Palmeiras, na Neo Química Arena, acalorado por erros de arbitragem, o então camisa 7 do Corinthians anotou o gol da vitória do clube alvinegro nos acréscimos da partida. Foi o estopim dos seus sete gols anotados naquela edição do Campeonato Paulista, conquistado pelo Corinthians.

O título, as boas atuações e os excelentes números mudaram o status de Jô para o Brasileirão. Ele se tornou a principal peça da campanha do heptacampeonato do Corinthians, simbolizada pelos prêmios de melhor jogador e artilheiro da competição.

Mais dois recordes em sua temporada mais brilhante. Ele se tornou o único artilheiro do Corinthians em um Brasileirão e o primeiro formado na base do clube a receber a Bola de Ouro da Placar pelo Timão.

O otimismo da torcida do Corinthians para a temporada seguinte praticamente despencou quando o clube confirmou a saída de Jô. Ele deixou o Timão para acertar com o Nagoya Grampus, do Japão, por 10 milhões de dólares (R$32 milhões, na cotação da época).

Terceira passagem

2020: Da euforia à contestação

Rodrigo Coca/Agência Corinthians

O Corinthians iniciou o ano de 2020 demorando para entrar nos eixos, ainda sob o comando do técnico Tiago Nunes. Os maus resultados no início do ano, aliado à paralisação das partidas por conta da pandemia, fizeram com que o Corinthians repatriasse Jô, em abril, com um contrato de três anos e meio.

Como não poderia ser diferente, a contratação gerou grande euforia por parte da Fiel, que tinha na memória a passagem espetacular do atacante em 2017. E apesar do impacto inicial, marcando três gols nos cinco primeiros jogos, a má condição física do atacante passou a pagar seu preço no decorrer da temporada.

Mesmo terminando o ano como artilheiro do Corinthians, com seis gols, Jô terminou a temporada longe de gozar de prestígio com a Fiel. A isso, se somou a má participação do Corinthians naquela edição do Campeonato Brasileiro, terminando na 12ª colocação. Ao final da temporada, Jô flertou com a perda da titularidade para Léo Natel, improvisado como centroavante.

Ainda assim, mais uma marca expressiva para Jô. Ele se tornou o único atleta a marcar pelo Corinthians nos quatro principais estádios de São Paulo (Allianz Parque, Morumbi, Neo Química Arena e Pacaembu).

2021: As primeiras polêmicas

Danilo Fernandes / Meu Timão

Da mesma forma como terminou 2020, Jô iniciou 2021 sendo alvo de fortes críticas da torcida do Corinthians. Naquela edição do Campeonato Paulista, inclusive, ele chegou a se tornar reserva de Cauê, recém-subido das categorias de base do clube àquela altura.

Sem encantar em campo, o camisa 77 protagonizou sua primeira polêmica no mês de março. Acompanhado do meia Otero, ele visitou um hotel de luxo em meio a uma das fases mais críticas da pandemia de Covid-19 no Brasil. No período, o vírus também surtia forte efeito dentro do próprio elenco do Corinthians.

Três meses depois, também em meio a pouco brilho futebolístico, Jô voltou a estampar o noticiário com episódios que não envolviam a bola em si. Durante uma partida contra o Bahia, ele foi questionado por utilizar chuteiras verdes, cor primária do arquirrival Palmeiras. Ainda neste mesmo mês, foi flagrado em uma festa clandestina na Zona Leste de São Paulo.

Os 12 gols, e a artilharia da equipe no ano, não foram suficientes para acalmar os ânimos do torcedor com Jô. Ainda em 2021, ele chegou a ter o carro apedrejado por torcedores na porta de um evento. Já em dezembro, chegou a ficar três dias desaparecido após ir à festa do atacante Douglas Costa, o que gerou forte preocupação por parte de seus familiares.

2022: A melhora em vão e o fim de uma história

Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Mesmo com a descrença por parte de alguns torcedores do Corinthians, Jô passou pelo que parecia ser um "ponto de virada" em sua terceira passagem pelo Timão. Após faltar em um treinamento, o técnico Vítor Pereira deu voto de confiança ao jogador, exigindo que fosse o último deslize fora dos gramados.

Além disso, um desafio do técnico a Jô deixou os torcedores do Corinthians com alta expectativa para uma melhora no desempenho do centroavante. Na ocasião, Vítor Pereira colaborou com um processo de emagrecimento de Jô, que já se tornava nítido mesmo a quem via de fora.

A melhora fez com que Jô virasse presença certa nos principais jogos da temporada, como as partidas da Copa Libertadores. No rodízio imposto pela comissão técnica, parecia ser a primeira opção da posição de centroavante. Uma atuação acima da média contra o Internacional, pelo Brasileirão, foi um símbolo sua importância para o sistema tático de Vítor Pereira.

A mais recente polêmica, na última terça-feira, foi também seu último ato enquanto jogador do Corinthians. Sem poder reforçar o Corinthians em razão de um trauma na perna, Jô foi flagrado tocando em uma roda de samba durante a derrota do Timão para o Cuiabá. No dia seguinte ao vazamento, faltou no treinamento da equipe, o que culminou em uma rescisão amigável no contrato de Jô com o Corinthians.

Veja números de Jô no Corinthians

• Jogos disputados: 284
• Pontos Conquistados: 454
• Aproveitamento: 53.29%
• Vitórias: 125
• Empates: 79
• Derrotas: 80
• Gol a favor: 375 ( 1.32 por jogo )
• Gols contra: 300 ( 1.06 por jogo )
• Gols do Jô: 65 - relembre
• Amarelos para Jô: 15
• Expulsões de Jô: 2
• Títulos de Jô conquistados no Corinthians: 3 - relembre

1. Paulista 2017
2. Brasileirão 2017
3. Brasileirão 2005

• Nota média da torcida: 4,82 em 280.442 votos

Recordes e marcas de Jô pelo Corinthians

• 40º jogador que mais atuou pelo Corinthians
• Quarto atacante que mais atuou pelo Corinthians
• Quarto jogador que mais atuou pelo Corinthians no século XXI
• 35º maior artilheiro da história do Corinthians
• 18º atacante que mais marcou gols pelo Corinthians

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